Falhas na previsão de demanda, acúmulo de pedidos e alterações no preço de produtos e serviços são alguns dos fatores que levam ao efeito chicote. É normal que certas variações de demandas aconteçam dentro de uma cadeia de suprimentos, mas algumas ações são necessárias para que elas não fujam do controle.
É fato que o desempenho logístico e os processos que o cercam têm consequência direta na performance de toda a rede comercial na qual está inserido. Nesse cenário, um possível desnível entre demanda e oferta pode impactar negativamente todos os elos da cadeia, afetando o ressuprimento de produtos e até mesmo custos de transporte, por exemplo.
Por isso, é importante que um supervisor de logística saiba como regular os processos dessa rede para que isso não aconteça. Neste artigo, vamos nos aprofundar no tema, explicando a você o que é e como reduzir o efeito chicote.
O que é o efeito chicote?
O efeito chicote acontece quando as empresas tentam alinhar sua oferta de produtos à demanda do mercado, mas não acontece como previsto.
Para fazer esse alinhamento, elas normalmente se orientam pela previsão de demanda, que é formada conjuntamente entre todos os componentes da cadeia de suprimentos – dos clientes aos fornecedores. Porém, por diversos fatores, muitas vezes essa previsão não se concretiza, o que acaba gerando um excesso ou até mesmo a falta do produto em estoque.
Dica: Conheça os 7 sistemas de controle de estoque mais usados no Brasil
O que causa o efeito chicote?
Em um artigo de 1997 intitulado The Bullwhip Effect in Supply Chains (O Efeito Chicote na Cadeia de Suprimentos, em português), os pesquisadores Hau L. Lee, V. Padnanabhan e Seungjin Whang identificaram as 4 principais causas do efeito chicote. Elas são:
- previsão de demanda: acontece quando há falhas na interpretação da procura por um produto pelos clientes. Normalmente, profissionais de logística usam modelos de alisamento exponencial para definir a previsão de demanda, mas podem ter problemas caso a tendência de procura seja alterada;
- tamanho de pedidos: algumas empresas têm o costume de fazer pedidos em lotes, periodicamente, para economizar custos (com transporte, por exemplo). Nesse caso, o que pode levar ao efeito chicote é a variação da demanda, que pode aumentar ou cair;
- jogo da escassez ou racionamento: gestores preveem que um produto vai se esgotar no mercado, e por isso fazem um pedido maior do que o necessário. Acontece muito em períodos de greves ou de estado de emergência, como pandemias, e é intensificado pelo racionamento proporcional por parte dos fornecedores;
- flutuação do preço: promoções e variações de preços afetam diretamente a procura por produtos. Uma interpretação errada sobre essa mudança pontual na demanda causa desnivelamentos na cadeia de suprimentos.
Para exemplificar um possível efeito chicote desde o início, vamos pensar em um dono de restaurante que vai a um atacadista mensalmente comprar produtos para o seu negócio. Portanto, nesse cenário ele é um cliente. Ao chegar na prateleira de detergentes, ele se depara com uma promoção e decide adquirir o dobro do que normalmente compraria para esse período de tempo.
A rede atacadista, como você bem sabe, vende produtos em grande quantidade, sobretudo para comerciantes. Por isso, não nos surpreenderia se outros clientes fizessem o mesmo até o estoque de detergentes esgotar.
Em um cenário perfeito, as organizações que participam da cadeia de suprimentos devem notar que o esgotamento do produto foi motivado pela promoção da rede atacadista, e não pelo aumento da demanda. Muito provavelmente, o comerciante que adquiriu o dobro do que precisava para o período de um mês só deve fazer uma nova compra de detergentes dois meses depois.
Porém, se a leitura do que aconteceu não for correta, pode ser que a rede atacadista faça um pedido maior do que o necessário para o fornecedor de detergentes, tendo como objetivo preencher seu estoque. O fornecedor, por sua vez, aumentará sua produção visando não somente atender à solicitação, como também deixar uma margem maior de produtos disponíveis. Para isso, ele deve acionar seu supridor de insumos, que também terá uma visão distorcida sobre a demanda do produto no mercado e fará o mesmo.
Dessa forma, a promoção da rede atacadista é finalizada, a procura pelo produto volta ao nível normal e todos os envolvidos na cadeia acabam com um excesso de produtos em estoque. Este é um exemplo de efeito chicote.
Como reduzir o efeito chicote na cadeia de suprimentos?
Entender as principais causas desse mecanismo é o primeiro passo para saber como reduzir o efeito chicote ou até mesmo evitá-lo. Agora que você já leu sobre elas, preparamos algumas dicas que podem ajudar qualquer supervisor de logística a resolver esse problema:
Evite as múltiplas previsões
Como vimos no exemplo anterior, empresas normalmente fazem suas previsões de demanda baseadas no elo anterior da cadeia ou na previsão de consumo dos clientes (o supridor de insumos se baseando na previsão do fabricante de detergente).
Esse esquema pode facilmente se tornar uma verdadeira bola de neve, se não for controlado. Para que isso não aconteça, uma medida de contenção seria compartilhar as informações sobre demandas entre todos os elos da cadeia de suprimentos, unificando o planejamento. Tecnologias como o sistema de intercâmbio de dados (EDI) podem ajudar nesse caso.
Alinhe a estratégia interna
Da mesma forma que a comunicação entre os elos da cadeia se faz necessária, o alinhamento estratégico interno de uma empresa também deve ser valorizado.
Gestores devem estar alinhados aos objetivos da empresa e conhecer os mais diferentes métodos e modelos de gestão logística e de previsão de vendas. Uma forma de se fazer isso é se manter sempre atualizado sobre a área, acompanhando as inovações tecnológicas e conceituais.
Elimine o racionamento proporcional
Esse é um fator que influencia o aumento do jogo de escassez. Em momentos de falta de produtos, fornecedores tendem a aplicar o racionamento proporcional, dividindo igualmente a quantidade entre as empresas clientes.
Sendo assim, os gerentes de empresas, ao preverem uma possível escassez de um produto, acabam fazendo pedidos maiores do que o necessário. Acabar com a política proporcional seria, por parte dos fornecedores, uma forma de reduzir o efeito chicote.
Uma forma de substituição desse sistema seria dividir a produção com base no histórico de pedidos.
Dica: [e-book] Entenda os impactos da transformação digital na logística
Diminua a periodicidade
Evite acumular pedidos e fazer suas solicitações aos fornecedores em lotes. Embora essa seja uma técnica válida para diminuir custos com transporte, é arriscada e uma das principais causas do efeito chicote.
Para isso, pense em outras maneiras de economizar com frete, valorizando empresas de transporte que ofereçam diversos tipos de serviço e equipamentos, sejam confiáveis e contem com equipes focadas em resultados.
Fazendo isso, você evita atrasos nas entregas e outras questões burocráticas que surgem a partir de um trabalho logístico mal feito. Assim, você terá mais segurança para aumentar a frequência de pedidos e reduzir o efeito chicote.
A Rodojacto se destaca como uma empresa com know-how no fornecimento ininterrupto de transporte, atuando no segmento rodoviário de cargas. Oferecemos três categorias de serviço (carga lotação, semi-fracionada e especial), além de total suporte por meio da Plataforma Rodojacto Digital.
Acesse nosso site para conhecer mais sobre nossa história e o que podemos fazer pela sua empresa.
Categorias: Logística